5 Mitos sobre a Autoestima

Ao longo da nossa vida, vamos sendo convencidos de ideias, baseadas no senso comum, que nem sempre correspondem à realidade, nem nos ajudam a ultrapassar os nossos desafios emocionais. Assim, desconstruamos, em conjunto, alguns mitos sobre a autoestima que poderão estar a impedi-lo/a de alcançar uma autoestima saudável:

  1. Autoestima está, unicamente, relacionada com a satisfação corporal

A autoestima baseia-se em 4 pilares fundamentais:

  • Autoconceito Diz respeito à forma como nos avaliamos a nós mesmos: à nossa personalidade, aos nossos valores e nossas características. Essa imagem constrói-se ao longo da nossa história, a partir das relações familiares, experiências e outras relações.
  • Autoimagem – Relaciona-se com a forma como avaliamos a nossa aparência, o nosso corpo, a imagem que vemos quando olhamos para o espelho. Tem a ver com a forma como caracterizamos o que vemos, o grau de satisfação com o que vemos, etc.
  • Autoeficácia – Tem a ver com o quanto nos achamos capazes de realizar algo. É a nossa perceção sobre o nosso potencial nas mais diversas situações e desafios da vida.
  • Autorreforço É o quanto nos gratificamos e nos premiamos face às nossas conquistas e avanços. O quanto validamos os passos e esforços da nossa jornada.

Assim, ainda que a autoimagem seja uma das suas partes importantes, a autoestima não é limitada à satisfação com o que vemos no espelho.

  1. Se cuidar muito da minha autoestima, corro o risco de me tornar uma pessoa egoísta, arrogante, de deixar de considerar os outros e fechar-me em mim mesma/o

Ao contrário do que este mito dá a entender, esses riscos não se associam a uma autoestima saudável mas sim ao seu oposto. Uma pessoa que não tenha uma autoestima saudável, terá menos disponibilidade para os outros, na medida em que está demasiado focada naquilo que está errado em si.

Poderá até prejudicar as suas próprias relações, devido a comparações excessivas e a interpretações erradas de situações ou comportamentos. Dada a nossa tendência de interpretar as situações de modo a confirmar as nossas próprias crenças, uma pessoa com uma baixa autoestima poderá achar que os outros têm a mesma visão de si que o/a próprio/a tem e, por isso, começar a interpretar situações e comportamentos de uma forma errada. Com o tempo, este tipo de interpretações podem fazer com que a própria pessoa se afaste ou que afaste os outros.

Por outro lado, alguém com uma autoestima saudável estará mais capaz de interpretar as situações numa nota mais realista e até de lidar melhor com eventuais conflitos, uma vez que não os interpretará como um ataque e terá maior tolerância pelos seus próprios erros.

  1. Se desenvolver uma relação de amor comigo mesmo posso acabar por relaxar na zona de conforto e deixar de ser “duro comigo” e isso é necessário para atingir objetivos

Neste ponto, poderá ser importante distinguir autocrítica de autocompaixão.

Quando somos exageradamente autocríticos, isso sim, impede a persecução dos nossos objetivos. Ter uma voz interna a dizer-nos, constantemente,  que não somos bons/boas suficiente, que devíamos ter feito x em vez de y, que os outros fazem melhor, entre outras críticas, a probabilidade de nos sentir-nos desanimados e desmotivados para enfrentar os desafios é maior. Pelo contrário, se tivermos uma boa voz interna, uma relação de autocompaixão connosco próprios, vamos nos respeitar, vamos ser coerentes com aquilo que realmente queremos e realmente precisamos, vamos ser tolerantes com as nossas falhas e celebrar as nossas conquistas, vamos responsabilizar-nos pelo alcance dos nossos objetivos.

Se lhe perguntasse se preferia viver com uma pessoa que o/a está constantemente a criticar e a deitar abaixo ou com uma pessoa que o/a motiva e chama à realidade, sempre validando o esforço e celebrando novos avanços, qual preferia?

  1. Ter uma boa autoestima não é assim tão importante

Ainda que pareça algo secundário, a autoestima é a base fundamental da saúde mental. Uma pessoa que não tem uma visão saudável de si mesma, não tem uma perspetiva realista das situações e poderá, por isso, desenvolver outras dificuldades. Se sabemos que perturbações como ansiedade e depressão assentam, fundamentalmente, numa visão enviesada da realidade, na qual as pessoas interpretam os acontecimentos de forma errada e isso intensifica os sintomas, podemos então encontrar a ligação que isso tem à autoestima.

  1. Se alguém teve baixa autoestima a vida toda, não vai conseguir melhorar

Tal como já foi referido, a visão que hoje temos sobre nós mesmos foi construída na nossa história. Assim sendo, o que nos faz pensar que, através da história que ainda vamos construir, não podemos mudar essa perspetiva e adotar uma nova visão de nós próprios?

 

E, ainda que muitos meios possam ajudar à elevação da autoestima, a terapia é, sem dúvida, o meio ao qual recorrer. Em terapia temos oportunidade de nos autoconhecermos, darmos conta de padrões disfuncionais e aprender novas ferramentas que nos ajudarão a elevar e manter a autoestima saudável.