01 Mai O Cérebro em Stress

Alguma vez se questionou o que acontece na sua mente nos momentos em que se sente assoberbada/o pelo stress e não consegue pensar racionalmente? Ter esse conhecimento pode ajudá-la/o a compreender qual a necessidade do seu corpo nesses momentos e a saber como se acalmar.

Para podermos compreender melhor o que acontece, comecemos por rever alguma anatomia cerebral:

O Córtex Pré Frontal…
• É a parte do cérebro responsável por capacidades necessárias para o planeamento, organização, resolução de problemas, tomada de decisão, e mudança do foco de tarefa para tarefa.
• É também a área do cérebro que utilizamos para regular as nossas emoções.
• Todas estas competências são apelidadas de “funções executivas” e elas não são ativadas automaticamente, temos de ativá-las, conscientemente.

O Sistema Límbico…
• É a área responsável pelas nossas emoções.
• É também a área responsável por ativar a resposta automática de luta ou fuga – Quando o nosso cérebro deteta algum perigo ou stress, o sistema límbico é automaticamente ativado e prepara o nosso corpo para desafiar a ameaça ou para fugir dela. Esta resposta automática é fundamental para assegurar a nossa
sobrevivência face ao perigo.

Então.. o que acontece quando o sistema límbico é ativado?
Quando experienciamos uma emoção ou algo que é minimamente stressante, o sistema límbico é ativado mas o córtex pré-frontal continua “online”, permitindo-nos aceder a diferentes competências que nos ajudam a lidar com essa emoção ou stressor.
No entanto, quando experienciamos um stress avassalador, o sistema límbico fica muito ativado e interrompe a habilidade do córtex pré-frontal de nos ajudar, logo, as capacidades que precisamos para regular as nossas emoções, solucionar problemas racionalmente e tomar decisões, ficam inacessíveis. Curiosamente, quando experienciamos emoções positivas de forma tão intensa, podemos também “perder” a capacidade de sermos racionais e críticos perante os acontecimentos do momento.

Quando este fenómeno acontece:
• As emoções são sentidas de forma muita intensa.
• As emoções podem parecer prolongadas.
• Torna-se desafiante regular as nossas emoções.
• É difícil pensar racionalmente.
• É difícil resolver problemas e tomar decisões.
• Os acontecimentos podem parecer assoberbantes.
• Experienciamos respostas fisiológicas como suores e taquicardia.
• Podemos agir de formas pelas quais, mais tarde, nos arrependemos.

O que podemos fazer quando o nosso sistema límbico fica muito ativado?
1. O primeiro passo pode ser reconhecer o que está a acontecer. Como já foi dito, ter o conhecimento do que acontece no nosso cérebro, permite-nos determinar qual o nosso próximo passo.
2. Respire profundamente algumas vezes. Faça alguns ciclos de respirações profundas, deixando que as expirações sejam mais longas que as inspirações. Respirações profundas ajudam a retomar o equilíbrio do sistema nervoso, para que seja possível acalmar o seu corpo, antes de acalmar a sua mente.
3. Nomeie as suas emoções. Nomear as emoções, pode ajudar a torná-las menos
intensas. Tente dizer a emoção que está a sentir em voz alta.
4. Relembre-se de que é passageiro. Por vezes, emoções intensas parecem durar eternamente, no entanto, a sensação fisiológica de uma emoção é de, em média, 90 segundos. Apenas durará mais tempo, se continuar a alimentar a emoção com mais pensamentos, histórias e pânico/vergonha/raiva. Por isso, simplesmente,
confie que irá passar.
5. Seja paciente consigo mesmo. O seu córtex pré-frontal precisa de tempo para voltar a ficar “online”. Por isso, dê tempo a si mesmo e afaste-se da situação ou pessoa que causou esta reação e evite tomar decisões importantes enquanto está emocionalmente assoberbado.

Um dos principais papeis dos profissionais de psicologia é informar e educar as pessoas para que se tornem autónomas na gestão das suas emoções. Se sentir que não está a ser capaz de o fazer e que precisa de aprender como regular as suas emoções, um/a psicóloga/o pode ajudar.

Psicologia Clínica e da Saúde | Heurística – Centro de Intervenção e Apoio Pedagógico e
Psicológico