Estará o viés da confirmação a manter os seus problemas?

Já alguma vez ouviu falar do viés da confirmação?

Este é um processo mental que faz com que as pessoas procurem, interpretem e recordem informações que confirmem as suas opiniões, pressupostos ou hipóteses e rejeitem informações que as questionem ou refutem. Ou seja, torna as pessoas, irracionalmente, resistentes a informações que não correspondem com aquilo que acreditam. Funciona então como uma escolha seletiva de informação, por parte do nosso cérebro, em que os factos que correspondem com o que acreditamos entram e têm lugar na nossa memória, enquanto os factos e informações que não vão de encontro com as nossas crenças são ignorados e até esquecidos.

O que acontece é que todos nós temos crenças que orientam a nossa tomada de decisão todos os dias, sendo estas um conjunto de ideias que fomos construindo e aprendendo com as nossas experiências. Como tal, o nosso cérebro faz questão de procurar confirmar estas crenças que criamos, prestando atenção e organizando as informações que recebe de modo a justificar a veracidade daquilo em que acredita. No entanto, o que realmente acontece é que acabamos por atuar de forma a concretizar as nossas expectativas, independentemente, de se a forma como estamos a interpretar as situações/informações é a correta ou não. E é desta forma que este viés pode originar profecias autorrealizáveis, que são fenómenos que ocorrem quando agimos com base em crenças e expectativas nas quais acreditamos profundamente e, inconscientemente, acabamos por criar condições e resultados que confirmem essas crenças, reforçando assim os nossos preconceitos.

Para facilitar a compreensão, eis um exemplo de um viés da confirmação que origina uma profecia autor realizável:

A Maria acreditava que os colegas não a convidavam para sair por não gostarem dela (crença). Sempre que a Maria ia para o trabalho, interpretava os olhares dos colegas como “olhares críticos”, interpretava qualquer reprimenda do chefe como uma confirmação de que este não gosta dela, interpretava silêncios em grupo como tentativas dos colegas de omitir informações sobre saídas em que esta não estava incluída, entre outros comportamentos que acabavam também por ser interpretados erradamente (escolha seletiva de informação e interpretação de forma a verificar a sua crença).

Fruto destas interpretações, Maria começou a afastar-se dos colegas. Deixou de lhes dizer bom dia quando chegava, deixou de ir almoçar com eles, assim como deixou de participar em conversas de grupo (comportamentos baseados nas suas crenças e expectativas). Como consequência deste afastamento, Maria acabou por não ser convidada para um jantar de grupo organizado entre colegas. Perante este acontecimento, Maria pensou: “Eu sabia que eles não gostavam de mim e, como esperado, nem me convidam para jantares” (reforço e manutenção de preconceitos).

Agora pergunto-lhe:

Será que os colegas não convidaram Maria por não gostarem dela ou terá Maria criado as condições para estes resultados?

Ter consciência deste fenómeno pode ajudá-lo a manter-se aberto e motivado a reunir ou aceitar novas informações, mesmo que isso implique mudar conceitos que já tem criados, pois esses podem nem sempre ser os mais válidos e necessários para si. Para algumas pessoas, pode ser difícil tomar consciência deste ciclo de crenças e comportamentos e um profissional de psicologia pode ajudá-lo nesse processo de autoconhecimento. Na Heurística podemos ajudá-lo!

Psicologia Clínica e da Saúde | Heurística – Centro de Intervenção e Apoio Pedagógico e Psicológico