O impacto da pandemia na saúde mental das crianças

Pandemia COVID-19 e Perturbação de Ansiedade de Separação

A vida das crianças mudou bastante desde o aparecimento da pandemia por Covid-19, alterando as rotinas e as dinâmicas familiares, escolares e sociais. Estas mudanças inesperadas e, muitas vezes, incompreendidas, o confinamento a casa onde tudo se restringia a esse contexto, a distância física dos colegas, dos amigos e dos adultos significativos, a mudança de rotinas e ritmos diários, gerou em algumas crianças desiquilíbrios, respostas de stress e mal-estar.

E depois do confinamento, como se estão a sentir e a reagir algumas crianças, agora que regressaram às atividades escolares, às relações interpessoais, com regras apertadas de convívio?

Entre as várias dificuldades que podem surgir, a criança pode começar a sentir mal-estar relacionado com a separação dos pais e/ou familiares que a protegem do vírus de que todos falam, temem, mas que ninguém vê.

Como detetar que a criança está a sofrer de uma perturbação de ansiedade de separação?

A avaliação psicológica será fundamental e requer uma abordagem multidimensional, envolvendo a criança, os pais, os professores e outros cuidadores relevantes, onde se procurará avaliar sintomas de ansiedade: os comportamentos, os pensamentos e os sintomas físicos. Para o diagnóstico de transtorno de ansiedade de separação, a ansiedade tem de ser relacionada exclusivamente com a separação do lar ou dos entes próximos, e a criança deve apresentar pelo menos 3 dos seguintes sintomas (DSM-V):

  • Mal-estar excessivo e recorrente face à ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou das figuras de vinculação (geralmente, mãe/pai);
  • Preocupação persistente ou excessiva de perda, ou possíveis danos em entes próximos (acidente, morte);
  • Preocupação excessiva ou persistente com um evento indesejado que levará à separação dos entes próximos (perder-se ou ser raptado);
  • Relutância persistente ou recusa de ir à escola ou a outros lugares devido ao medo da separação;
  • Relutância persistente ou recusa em dormir sem estar perto de uma figura de vinculação ou a dormir fora de casa;
  • Pesadelos recorrentes envolvendo o tema de separação (ser perseguida, raptada);
  • Queixas recorrentes de sintomas físicos (dores de cabeça, dores de estômago, náuseas ou vómitos, quando a separação dos entes próximos ocorre ou é antecipada.

 

A perturbação de ansiedade de separação carateriza-se por uma reação anormal a uma separação de um ente próximo, pode causar muito sofrimento e interfere significativamente nas atividades diárias e no desenvolvimento harmonioso da criança.

Neste momento em que a pandemia não só não passou como a ameaça de piorar é cada vez maior, se o seu filho/a ou alguém que conheça está a experienciar estas dificuldades, nós podemos ajudar.

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Dra. Natércia Fonseca Carreiro
Psicologia da Educação e Desenvolvimento da Criança